A mancha do tapete conta mais de uma história que já não lembro mais.
Quem olha, acha bonito, questiona.
Explico, acho desperdício.
Já tentei tirá-la, esfreguei, mas há algo que resiste.
Há algo que fica em algum canto esquecido
como ficam as lembranças.
Sua presença já não me incomoda,
embora seja apegada à beleza das coisas originais.
Tornou-se minha companheira em dias de silêncio; ouve-me.
Então eu me desmancho e posso compreendê-la.
Trata-se apenas de uma mancha sendo pisada,
repetidamente, até confundir-se com as cores do tapete.
Acomoda-se, deixando de ser mancha para ser enfeite.