quarta-feira, 21 de novembro de 2012

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Desconstrução

Nenhum pedestre percebe
a cidade me levando até você.
Ando por calçadas e 
ruas desertas,
lojas cheias de cores,
tecidos e gente.
Tudo é saudade e ausência.

Eu passo e você não vê.
Permaneço e me perco. 

Os prédios tão altos, 
convite para um salto.
Carros passando rápidos,
nosso amor em asfalto quente. 
Dói. Queima dentro.
Todos estes blocos de cimento,
nada parece esconder. 
Concreto. 
Perdi você. 

Lento.
Arquitetando planos,
apagando sonhos, 
refazendo caminhos.
Chão. Ruas transversais. 
Procurando algum beco 
que ofereça sossego 
e leve embora solidão.

Parada no sinal.
Verde, vermelho, tanto faz. 
Não ultrapasso, diminuo o passo.
Passam por mim,
estranhos pelas avenidas.
Ficam em mim,
lembranças (não) esquecidas.

Acordei
mais estranha
que a teia
desfeita
de uma aranha.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

café na cozinha
         em Itaúnas
as dunas
o morro
depois da chegada
apenas uma nova
e louca
jornada
pés descalços
chão
passarinho lá fora
amor em cada canção
lugar de felicidade
não é ontem
nem amanhã
acontece
agora e aqui. 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

terça-feira, 16 de outubro de 2012

La petite confusion

Não olhe para trás
com tanto ódio;
também existiu beleza
no que passou.
Por que insiste em
enganar lembranças,
quando tudo o que se tem
é o que restou?

sábado, 13 de outubro de 2012

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Meu caminho eu construo em um rascunho.
Por mais que saiba para aonde ir,
insisto em esboçar.
Lançar-me sem firmamento me apavora.
Antes esta certeza medíocre do que a completa desorganização.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Palavrear

marcas
rabiscos
histórias
feitiços
mistérios
esquecidos
marcados
contados
cansados
findos

pausa

respiração

luz
toque
sedução
amor
poesia
música
inspiração
sexo
olhar
palavra
solução
conflito
caos
cais
gozo
esporro
saudade
chatice
dor
amigo
álcool
velhice
risos
despedidas
partidas
fim

recomeço...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Amor, amora

                Sinto muito
mas algumas coisas
            preciso sentir
   sem compartilhar.

Todas as outras
eu dispo aqui
e subo com você
em qualquer altar.
entre os tempos verbais,
escolho o tempo da carne,
este que se faz presente.
A vida não pode ser contida por formas e fórmulas cotidianas.

domingo, 16 de setembro de 2012

Crônica de domingo

ai, tempo!
passando
passando

ai, momento!
ficando
ficando

ai, corpo!
lembrando
lembrando

ai, apego!
marcando
marcando

ai, tanto!
voltando
voltando

ai, tempo!
passando
ficando

lembrando
marcando
voltando.
mais uma vez
você partiu
longe de mim
início do fim

sábado, 15 de setembro de 2012

Na cafeteria

Há uma pessoa escrevendo na mesa da frente.
Este encontro comigo mesma,
reflexo da minha natureza:
cafés, cigarros, cadernos e palavras.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Telegrama

Chego a pensar que não haverá espaço suficiente para mim entre seus abraços; eu sei, eu me atrapalho, eu me atropelo, mas precisaremos de espaço. Talvez casas separadas, talvez camas separadas, talvez baste o mesmo travesseiro. Está vendo? Lá vou eu mais uma vez planejar, dar nomes, realizar fantasias. Tudo bem. Voltemos. O plano é parar por aqui. Não haverá espaço suficiente.

Obs: paguei bem mais caro para escrever tantas palavras, ainda mais para justificá-las aqui. Trate de lê-las com atenção.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

S'il te plaît

Em breve,
darão um jeito de tirar isso de mim.
Enquanto o dia não chega,
                  deixem eu gozar até o fim.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Algumas coisas ficaram antigas
outras novas amadureceram
o tempo passa mesmo
não adianta atrasar relógio. 

sábado, 8 de setembro de 2012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Poesia rimada

noite passada
já era quase madrugada
eu fui agarrada
por uma história já contada
um segundo descuidada
e eu fui desejada
mesmo estando embriagada
sabendo que não daria nada
foi uma relação devotada
situação delicada
entrega apaixonada
até me deixou assustada
noite passada
uma tentativa e mais nada
e eu já não me sentia abandonada.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A carta na garrafa

Sempre que via o amor chegar,
os ventos mudavam de direção.

Desde que você chegou,
fiquei perdida sob sua orientação.

Já nem sei se o que sinto
é amor, desejo, medo ou paixão.

Tudo bem não sabermos o que fazer,
continuaremos seguindo o coração.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Para se fazer poema

Fumaça entrando e saindo 
entrando e saindo
Ideias entrando e saindo
entrando e saindo
Palavra escrita saindo
matéria prima, bruta, saindo

sábado, 1 de setembro de 2012

Um conto para dar conta

O meu amor me deixou como quem sai para comprar cigarros e não volta mais. 
De repente, eu não o satisfazia. O café frio na mesa permanece lá, materializando o abandono. E meu corpo jogado no sofá se recusa a qualquer tentativa desesperada de reação. Já se passaram horas e eu nem lembro mais que dia é hoje. 
Já não tenho mais lágrimas. Desperdicei todas numa tentativa enlouquecida de fazê-lo ficar. Gritei; implorei. Não adiantou. Em que lugar da nossa história não bastou este amor? Todos os planos, as promessas, os pedidos e os apelidos foram atropelados. E eu me dei tanto a esta história que já nem sei quem sou na sua ausência. Estou líquida, escorrendo pelo chão da sala, junto com estas palavras derretidas. A sala, nosso último cenário. Ele foi embora pelo corredor.
O apartamento nunca foi tão grande e tudo o que eu quero é evaporar. 
Eu, que nem mesmo percebi mudanças. O telefone continua tocando ao fundo. Sei que não é ele, não vou atender. O tempo passando e me levando junto.
Perdoem-me as lástimas, mas eu só sei fazer dor deste fim.    

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

       Assim acaba o nosso caso de amor:
  você me pede para atravessar a ponte,
          mas eu não sei de que lado estou. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Prove que você não é um robô

senhas que me seguem
e me impedem de seguir
senhas que me seguem
números para impedir
senhas que me seguem
e me impedem de pedir
senhas que me seguem
e ficam a me seguir
senhas que me seguem
saiam daqui! 

domingo, 12 de agosto de 2012

sábado, 4 de agosto de 2012

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Para esquecer

Sempre que me encontro
e estou perdida em você,
escolho o caminho mais fácil:
Je voudrais étudier le français.
Pronto!
J'oubliée.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Acontecimento


As coisas que sinto

guardo no peito

escondidas

em cada batida

escorrem

percorrem meu corpo

escorregam

na ponta dos dedos

e se fazem poema.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Para o coração aflito
recomendo histórias,
amor, café e conflito.

Trago comigo

Eu tenho uma mancha de nascença,
a cabeça na lua, os pés fora do chão.

Um corpo que só reage à presença
e um monte de tristezas, nada em vão.

terça-feira, 29 de maio de 2012

A hora de ir embora

Você já disse tudo o que tinha para dizer
(mais de uma vez).
Eu já entendi
(de várias formas, inclusive).
A minha decisão não mudou.
Por que a sua continua?

Pouca oferta, muita procura.

Consuma amor
 e experimente uma das últimas coisas
que o capitalismo ainda não estipulou valor.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Crise
de identidade
mundial
de meia-idade;

todas tão iguais
da ordem ao caos
um barco sem cais.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Quis fazer um poeminha rápido
que desse conta de minha correria.
As palavras fugiram tão depressa
que só sobraram essas quatro linhas.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

(sem) rumo

                                              Algumas vezes,
sou atropelada pelas vozes da minha cabeça.
                        Elas apontam tantas direções
                       que fico sem saber o caminho.
Às vezes, isso passa.
Outras, fico paralisada.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sopro

me tire pra dançar
me tire do sério
me tire a promessa
me tire os fatos
me tire; eu me retiro.

me tire a calma
me tire a roupa
me tire de perto
me tire de você
me tire; eu me viro.

me tire da memória
me tire a vergonha
me tire o chão
me tire o que quiser
me tire; poesia, eu respiro.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Desejos femininos

Toda puta
que se diz santa
quer ser musa.

Toda santa
que se diz musa
quer ser puta.

Toda musa
que se diz puta
quer ser santa.

Toda puta
que se diz puta
quer ser puta.

Toda santa
que se diz santa
quer ser santa.

Toda musa
que se diz musa
quer ser musa.

Toda musa
santa e puta
alguém usa!

Acordo

Quando eu lhe trouxer para perto
não me afaste!
Faça a sua,
pois eu já faço a minha parte. 

terça-feira, 27 de março de 2012

Nua

Antes que continue seu percurso pelo meu corpo, saiba:
você está pisando em terreno nunca antes habitado.
Isto não é um aviso, não é um pedido, nem um risco.
É apenas um fato.

Dia de semana

Chega o sol
passos apressados
hora de trabalhar.

A moça da loja
abre as portas
para o dia passar.

Trabalho pesado
tempo passando
hora de almoçar.

Fim de tarde
dia cansado
hora de acalmar.

A manequim
dentro da vitrine
vendo o mundo voltar.

Cada um pro seu lado
dentro do quarto
hora de sonhar.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Je suis desolée

Tanta gente interessante para conhecer
amigos por rever
caminhadas ao anoitecer
amores prestes a  acontecer
encontros sem saber
nuvens no céu a derreter
paixões para arder
banho na rua se chover
pequenos prazeres para viver
e você aí, na frente desta tela privé?
Sinto, querido, mas isto é tão demodê.

segunda-feira, 19 de março de 2012

O que restou

Um amor partido
deixa ir embora
sonho dividido
planos construídos
futuro não decidido.

Resta presente doído
passado apagado
cada um pro seu lado
inventado saídas
para a despedida.

Sinal fechado

Vida é trânsito
em movimento

quando para
vira tormento.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Ensaio sobre o barulho

Nesta dança improvisada que é a vida,
(tudo sempre pronto pra terminar),
conforta saber quem vai segurar a sua mão
na hora que a música silenciar.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Sobre as coisas latentes

A mancha do tapete conta mais de uma história que já não lembro mais.
Quem olha, acha bonito, questiona.
 Explico, acho desperdício.

Já tentei tirá-la, esfreguei, mas há algo que resiste.
Há algo que fica em algum canto esquecido
como ficam as lembranças.

Sua presença já não me incomoda,
embora seja apegada à beleza das coisas originais.

Tornou-se minha companheira em dias de silêncio; ouve-me.
Então eu me desmancho e posso compreendê-la.

Trata-se apenas de uma mancha sendo pisada,
repetidamente, até confundir-se com as cores do tapete.
Acomoda-se, deixando de ser mancha para ser enfeite.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Correspondência

Olha querido,
aprendi uma coisa plausível:
amor não impede sofrimento
mas o torna mais compreensível.

Dói em você,
saiba que eu também sofro.
Então, de hoje em diante
deixemos de lado o alvoroço.

Com carinho,
da pessoa que espera
ver a alegria dos nossos dias
não ir embora com o fim da primavera.

Medida certa

não há forma para a poesia
a palavra transborda.

Procura

Encarou, demoradamente, o reflexo no espelho.
Desde então, perdeu-se.

Classificados

Garota ruiva, 29 anos, estudante, atraente, procura:
qualquer coisa que leve embora a solidão.
Contenta-se com pouco, paga bem e ainda devolve troco.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Dia não

Vivo de paixões
dia sim
dia sim! 
se pudesse escolher
daria um intervalo das emoções. 

Etimologia II

convivência (con-vi-vên-ci-a) s.f.: 1 Singela arte de com outro viver. 2 Relação com vida 3 Incluiu atrito, acertos, tropeços, feridas, partidas e alegrias.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Durante os minutos longe,
não dá pra esquecer
que falta faz você!

Antes de dormir

dentro do quarto
tudo é mais fácil
trancado, parado.

há sinais por todos os lados
imaginação em festa
qualquer um pode ser rei.

luz apagada
sonhos acordados
sozinho no quarto eu me basto!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Rupturas

                                         Já não sei

           em que lugar perdi
                                                         
                                                 os pedaços de mim

espalhados por aí.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012