quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Palavrear

marcas
rabiscos
histórias
feitiços
mistérios
esquecidos
marcados
contados
cansados
findos

pausa

respiração

luz
toque
sedução
amor
poesia
música
inspiração
sexo
olhar
palavra
solução
conflito
caos
cais
gozo
esporro
saudade
chatice
dor
amigo
álcool
velhice
risos
despedidas
partidas
fim

recomeço...

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Amor, amora

                Sinto muito
mas algumas coisas
            preciso sentir
   sem compartilhar.

Todas as outras
eu dispo aqui
e subo com você
em qualquer altar.
entre os tempos verbais,
escolho o tempo da carne,
este que se faz presente.
A vida não pode ser contida por formas e fórmulas cotidianas.

domingo, 16 de setembro de 2012

Crônica de domingo

ai, tempo!
passando
passando

ai, momento!
ficando
ficando

ai, corpo!
lembrando
lembrando

ai, apego!
marcando
marcando

ai, tanto!
voltando
voltando

ai, tempo!
passando
ficando

lembrando
marcando
voltando.
mais uma vez
você partiu
longe de mim
início do fim

sábado, 15 de setembro de 2012

Na cafeteria

Há uma pessoa escrevendo na mesa da frente.
Este encontro comigo mesma,
reflexo da minha natureza:
cafés, cigarros, cadernos e palavras.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Telegrama

Chego a pensar que não haverá espaço suficiente para mim entre seus abraços; eu sei, eu me atrapalho, eu me atropelo, mas precisaremos de espaço. Talvez casas separadas, talvez camas separadas, talvez baste o mesmo travesseiro. Está vendo? Lá vou eu mais uma vez planejar, dar nomes, realizar fantasias. Tudo bem. Voltemos. O plano é parar por aqui. Não haverá espaço suficiente.

Obs: paguei bem mais caro para escrever tantas palavras, ainda mais para justificá-las aqui. Trate de lê-las com atenção.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

S'il te plaît

Em breve,
darão um jeito de tirar isso de mim.
Enquanto o dia não chega,
                  deixem eu gozar até o fim.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Algumas coisas ficaram antigas
outras novas amadureceram
o tempo passa mesmo
não adianta atrasar relógio. 

sábado, 8 de setembro de 2012

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Poesia rimada

noite passada
já era quase madrugada
eu fui agarrada
por uma história já contada
um segundo descuidada
e eu fui desejada
mesmo estando embriagada
sabendo que não daria nada
foi uma relação devotada
situação delicada
entrega apaixonada
até me deixou assustada
noite passada
uma tentativa e mais nada
e eu já não me sentia abandonada.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A carta na garrafa

Sempre que via o amor chegar,
os ventos mudavam de direção.

Desde que você chegou,
fiquei perdida sob sua orientação.

Já nem sei se o que sinto
é amor, desejo, medo ou paixão.

Tudo bem não sabermos o que fazer,
continuaremos seguindo o coração.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Para se fazer poema

Fumaça entrando e saindo 
entrando e saindo
Ideias entrando e saindo
entrando e saindo
Palavra escrita saindo
matéria prima, bruta, saindo

sábado, 1 de setembro de 2012

Um conto para dar conta

O meu amor me deixou como quem sai para comprar cigarros e não volta mais. 
De repente, eu não o satisfazia. O café frio na mesa permanece lá, materializando o abandono. E meu corpo jogado no sofá se recusa a qualquer tentativa desesperada de reação. Já se passaram horas e eu nem lembro mais que dia é hoje. 
Já não tenho mais lágrimas. Desperdicei todas numa tentativa enlouquecida de fazê-lo ficar. Gritei; implorei. Não adiantou. Em que lugar da nossa história não bastou este amor? Todos os planos, as promessas, os pedidos e os apelidos foram atropelados. E eu me dei tanto a esta história que já nem sei quem sou na sua ausência. Estou líquida, escorrendo pelo chão da sala, junto com estas palavras derretidas. A sala, nosso último cenário. Ele foi embora pelo corredor.
O apartamento nunca foi tão grande e tudo o que eu quero é evaporar. 
Eu, que nem mesmo percebi mudanças. O telefone continua tocando ao fundo. Sei que não é ele, não vou atender. O tempo passando e me levando junto.
Perdoem-me as lástimas, mas eu só sei fazer dor deste fim.